segunda-feira, 23 de março de 2015

Molha.

Quando criança tinha medo de trovoada e queria bolo em todo aniversário. Quando a chuva vem, se banha da cabeça aos pés como grito de coragem, interno. loucura, externo. Pretende dissipar todos os significados que a mãe lhe pôs com tanto amor no que diz respeito ao fazer anos, e diz ser só mais um e que tudo bem ninguém lembrar, tudo bem como acalento ao seu fracasso nas relações humanas. Acha que pra ser adulta é necessário se desfazer, sofre. Sofre atoa. Seus achismos te trouxeram falsa coragem e falsos aceitares, é mesmo necessário o desfazer, e refazer de quando criança. Continue com os banhos de chuva.

'living on a diet of Chocolates and Cigarettes'

Hoje queria o colchão com o lençol bagunçado, queria o marrom esverdeado dos teus olhos à meia luz do abajur, queria Angus and Julia Stone e depois de quase nada dormir sair correndo, como sempre. Eu confesso, tenho uma puta saudade do teu sorriso, caíram as lágrimas mais sinceras depois de tanto choro egoísta.
Estou descobrindo as vantagens dos silêncios, colocando todo meu apego no novo, sobra. Pegando as malas e dando um jeito de parar em Florença, e percebendo que mesmo que distante de tudo que poderia remeter ao cheiro, ao gosto, ao toque, há ainda a vontade de compartilhar a vida, falta amor próprio. sobra o grito, sobra orgulho, fica a vontade de estar bem que tenta incessantemente justificar o afastar.
Entre noites em festas, rodas de novos amigos, projetos, infinitos projetos, mesas de baralho, falta o ar. Resta a vontade de fugir, sempre fugir dessa vontade de colchão. Quero te ligar, não posso errar de novo, suspiro, não sei o que é certo. Paralisada na sacada ouvindo Chocolate and Cigarettes tentando encontrar alguma lembrança viva o suficiente pra me causar os mesmos arrepios de outras noites, o vento é o único que pulsa.




https://youtu.be/Ggk2HGK5RWE?list=RDHCsg3vA8WCIm8